lobo e lua

lobo e lua

13.12.08

Festas e mais festas


Lana Esthevlana
COLUNISTA ANTI-SOCIAL


Já esqueci várias vezes que era meu aniversário.

Acordava mal-humorada, como todo dia, olhava pro teto... pra janela... respirava fundo... me espreguiçava e de repente ouvia vozes me dizendo "parabéns!" e pensava "puta merda! É hoje. "

Dia de aniversário, pra mim, é um pesadelo. Pô, você tem que sorrir pra todo mundo que te dá os parabéns, tem que ficar rodeado de pessoas. Afinal, elas querem ficar perto de você (?).
Esse ano, quatro dias depois do meu aniversário, um amigo meu chegou e disse:

- Seu aniversário é em maio?
- Não, é em abril mesmo.
- Ah, é verdade. Que dia mesmo?
- Dia 13.
- Caramba, me desculpa! Esqueci completamente!
- Menino, eu não ligo.
- Putz, que bom. Porque eu também não.

Sabe, não vejo motivo pra comemorações. É só mais um dia no ano.

Acho totalmente “narcisista” comemorarmos o dia em que nascemos. Como se isso tivesse mudado significativamente o rumo da História. Hahahaha. Minha família também adora uma festa! Nossa, não sei como têm disposição pra tanto!

Isso quando minha mãe não inventa de fazer festa aqui em casa. Que não é bem uma festa, mas uma reunião dos amigos dela e do meu pai. Bem, a questão é que ela faz toneladas de comida e faz faxina na casa uma semana antes.

Quando sei que vai ter alguma coisa aqui, me programo dias antes pra ocupar completamente minha semana. Pra fugir da faxina, da preparação da comida e da festa. Dia desses minha mãe chamou dois casais, amigos dela e do meu pai, para passarem o dia aqui em casa. Eles chegaram e eu não vi. Estava no quarto do computador. Daí fui terminar de me arrumar, porque estava de saída, e passei pela sala e nem me liguei de falar com eles.

Minha mãe me chamou atenção na frente de todo mundo! Terrível.

- Ô bichinho do mato, vai falar com o pessoal não?
- Ah, nem vi que eles estavam aí (!!!). Oi, pessoal. Agora dá licença que tô atrasada.

Eu sei, eu sei. Sou um poço de falta de educação, mas eu não sei ser falsa. Só quando é realmente necessário. E, sabe, pra mim, ali não era o momento de ser. Só esse ano eu já devo ter fugido de umas 20 festas. E isso só da minha família.

Certa vez, minha mãe me avisou da festa no dia. Daí eu tive que pensar rápido, né? Cheguei pra ela e disse:

- Poxa, mãe, eu já tinha marcado de sair...
- Ah, então, nesse caso, tudo bem.

(Ligo pro namorado)
- Oi! A gente vai se ver hoje, tá bom? Vem me buscar. Tchau.

E o Natal? O que mais me irrita com relação ao Natal é o fato de todos, durante mais ou menos uma semana, se preocuparem com o mundo. Só pra mostrar que possuem o espírito cristão, sabe? Ajudam os mendigos... Fazem o “Natal sem fome”. Como se somente no Natal as pessoas precisassem comer.

Daí milhares de pessoas se vestem de Papai Noel e saem distribuindo presentes pras criancinhas mais pobres. Poxa, ao invés de darem brinquedos, não seria melhor dar um jeito pra que elas tivessem um futuro decente garantido? Isso sim seria um Natal onde alguma mudança realmente válida seria feita.

Ainda nessa onda de bondade do Natal, vem o Ano Novo, onde todos desejam paz, um mundo melhor, onde não haja injustiça e nem esses crimes atrozes que vemos o tempo todo na TV.

Mas os desejos ardentes por essa paz tão grande só duram do dia 31 pro dia 1º. Depois, todos voltam às suas vidas, como se nada tivesse acontecido. Como se os pedidos tivessem sido de mentira.

Desprezível, não é mesmo?

A fantástica (e carí$$ima!!) Lana Esthevlana também pode ser encontrada aqui.

6.12.08

Como aumentar o prazer feminino

Dr. Mijaro Nomuro
ESPECIALISTA EM MULHER

Técnica nº 1: Mãos molhadas

Faça sua parceira sentar-se em uma cadeira confortável na cozinha. Certifique-se de que ela consegue ver muito bem tudo que você faz. Encha a pia da cozinha com água e adicione algumas gotas de detergente para louça com aroma. Segurando uma esponja macia, submerja suas mãos na água e sinta sua pele ser envolvida pelo líquido, até que a esponja esteja bem molhada...

Agora, movendo-se devagar e gentilmente, pegue um prato sujo do jantar, coloque-o dentro da pia e esfregue a esponja em toda a superfície do prato.

Vá esfregando com movimentos circulares até que o prato esteja limpo.

Enxague o prato com água limpa e coloque-o para secar. Repita com toda a louça do jantar até que sua parceira esteja gemendo de prazer!

Técnica nº 2: Vibrando pela sala

É um pouco mais difícil do que a primeira, mas com algum treino você vai fazer com que sua parceira grite de prazer!

Cuidadosamente, pegue o aspirador de pó.

Seja gentil, demonstre a ela que você sabe o que está fazendo. Ligue-o na tomada, aperte os botões certos na ordem correta. Vagarosamente, vá movendo-se para frente e para trás, para frente e para trás... Por todo o carpete da sala. Você saberá quando deve passar para uma nova área.

Vá mudando gradativamente de lugar. Repita quantas vezes seja necessário até atingir os resultados.

Técnica n° 3: Camiseta molhada

Este joguinho é bem fácil, embora você precise de mente rápida e reflexos certeiros. Se você for capaz de administrar corretamente a agitação e a vibração do processo, sua parceira falará de sua performance a todas as amigas dela!

Você precisará apenas de duas pilhas. Uma pilha com as roupas brancas e outra pilha com as coloridas. Encha a máquina de lavar com água e vá derramando gentilmente o sabão em pó dentro dela (para deixar a mulher ofegante, use exatamente a quantidade recomendada pelo fabricante).

Agora, sensualmente, coloque as roupas brancas na máquina... Uma de cada vez.... De-va-gar. Feche a tampa e ligue o "ciclo completo". Sua companheira vai ficar extasiada. Ao fim do ciclo, retire as roupas da máquina e estenda-as para secar. Repita a operação com as roupas coloridas...

Técnica nº 4: O que sobe, desce

Esta é uma técnica muito rapidinha. Para aqueles momentos em que você quer surpreendê-la com um toque de satisfação e felicidade. Pode ter certeza: ela não vai resistir. Ao ir ao banheiro, levante o assento do vaso. Ao terminar, abaixe novamente. Faça isso todas as vezes. Ela vai precisar de atendimento médico de tanto prazer!

Técnica nº 5: Gratificação total

Colocar em prática esta técnica pode levar sua companheira a um tal estado de sublimação que será difícil depois acalmá-la, podendo causar riscos irreversíveis à saúde da mulher. Esta técnica leva algum tempo para o seu aperfeiçoamento. Empenhe-se com afinco. Experimente sozinho algumas vezes durante a semana e tente surpreendê-la numa sexta-feira à noite. Funciona melhor se ela trabalha fora e chega cansada em casa. É assim:

Aprenda a fazer uma refeição completa. Seja bom nisso. Quando ela chegar em casa, convença-a a tomar um banho relaxante (de preferência aromático, em uma banheira de água morna que você já preparou). Enquanto ela está lá, termine o jantar que você já adiantou antes dela chegar em casa.

Após ela estar relaxada pelo banho e saciada pelo jantar, execute a Técnica nº 1.

Preste atenção nela, pois o estado de satisfação será extremamente alto, tão alto que poderá causar coma repentino!

Colaboração da Marcela, do INFINITO PARTICULAR

JÁ ESTÁ NO AR O BLOG DO MEU IRMÃO, CELSO JAPIASSU. VÃO LÁ VISITAR!

29.11.08

Diferenças entre presídio e trabalho

Gudesteu Hostalácio
ENVIADO ESPECIAL AO PRESÍDIO
&
Apulcro Mambojambo
ENVIADO ESPECIAL AO TRABALHO


PRESÍDIO
Você passa a maior parte do tempo numa cela 5x6m.

TRABALHO
Você passa a maior parte do tempo numa sala 3x4m.
____________

PRESÍDIO
Você recebe três refeições por dia, de graça.

TRABALHO
Você só tem uma, no horário de almoço, e tem que pagar por ela.
____________

PRESÍDIO
Você é liberado por bom comportamento.

TRABALHO
Você ganha mais trabalho com bom comportamento.
____________

PRESÍDIO
Um guarda abre e fecha todas as portas para você.

TRABALHO
Você mesmo deve abrir as portas, se não for barrado pela segurança por ter esquecido o crachá.
____________

PRESÍDIO
Você assiste TV e joga baralho, bola, dama...

TRABALHO
Você é demitido se assistir TV, acessar internet e jogar qualquer coisa.
____________

PRESÍDIO
Você pode receber a visita de amigos e parentes.

TRABALHO
Você não tem nem tempo de lembrar deles.
____________

PRESÍDIO
Todas as despesas são pagas pelos contribuintes, sem seu esforço.

TRABALHO
Você tem que pagar todas as suas despesas e ainda paga impostos e taxas deduzidas de seu salário, que servem para cobrir despesas dos presos.
____________

PRESÍDIO
Algumas vezes, aparecem carcereiros sádicos.

TRABALHO
Carcereiros usam nomes específicos: gerente, diretor, chefe...
____________

PRESÍDIO
Você tem todo o tempo para ler piadinhas.

TRABALHO
Ah, se te pegarem...
____________

TEMPO DE PENA
No presídio, com bom comportamento, a pena pode ser reduzida a menos da metade.

No trabalho, você tem que cumprir 35 anos, e não adianta ter bom comportamento.

22.11.08

A funcionária


Yvonne da Lua
CORRESPONDENTE

- Olha, meu chapa, o negócio é o seguinte: não vou poder trabalhar no sábado à noite porque estarei menstruada - disse Rosilene ao seu cafetão.

- O quê?!? Que mané menstruada é esse? Donde já se viu puta recusar cliente? - respondeu Geraldão.

- É isso mesmo que você ouviu: m-e-n-s-t-r-u-a-d-a. E tem mais, a próxima vez que você me encher a cara de porrada eu tomarei providências. Irei primeiramente na Delegacia das Mulheres e darei entrada em um processo. Além de você responder criminalmente pelos seus atos, eu darei entrada em uma licença no Ministério do Trabalho, você terá que arcar com as minhas despesas e eu ficarei em casa descansando.

- Como é que é? - perguntou Geraldão, perplexo. Você nem carteira de trabalho tem.

- Não tenho do verbo quero ter e é agora. Já tô com ela na mão pra você assinar tudo direitinho. E tem mais: se me perturbar muito, vou processar você pelos 6 anos que trabalhei sem os meus direitos. Ah! E se quiser me comer, vai ter que pagar que nem os outros clientes, porque também processo você por assédio sexual. Já assinou a carteira? Anda logo, porque tenho que ir ao banco abrir uma conta-salário.

- Conta-salário? Que merda é essa?

- Se você não sabe, eu vou explicar direitinho: conta-salário é onde você depositará os meus proventos. Quero ganhar um fixo de R$ 500,00 e mais comissão de 50% sobre cada cliente. As minhas férias serão em dezembro e mensalmente quero receber um auxílio-doença para poder fazer exames ginecológicos. O exame da AIDS é gratuito, você não gastará nada, mas, por outro lado, quero receber também uma verba-insalubridade para os dias de muito frio e chuva - disse Rosilene, cheia de dignidade.

- Mas eu nem sei o que é proventos e insalu o quê. Como é que eu vou poder fazer isso tudo se nem eu mesmo tenho carteira ou, nesse caso, uma firma - respondeu Geraldão, já perdendo a paciência.

- Como você vai fazer eu não sei, mas quero os meus direitos e é agora. Chega de exploração. Acho bom você resolver esse assunto agora porque eu sou capaz de fazer uma verdadeira revolução. Eu e as demais meninas faremos greve e piquetes. Vai ser tão bom, finalmente eu vou poder participar de passeatas, gritando palavras de ordem: "Piranhas unidas, jamais serão vencidas", "Não fique aí parada, você é explorada" - respondeu Rosilene, com um certo ar de CUT -. Já conversei com a companheira Heloisa Helena e ela ficou de vir à inauguração do SPGPEA. O Fernando Gabeira, nosso anjo protetor, também virá para dar uma força.

- Mas o que é isso? - perguntou Geraldão, já sem ar.

- Sindicato das Putas, Garotas de Programa e Afins - respondeu Rosilene, cheia de moral.

- Quem é afins? - quis saber Geraldão.

- Ah! o "afins" abrange muita gente: ex-BBBs, modelos que engravidam de jogadores de futebol e pagodeiros, ex-namoradas de ex-BBBs, ou seja, as putas que deram certo na vida. As famosas que saem nas revistas. Com a contribuição delas, nosso sindicato será muito forte, tenho fé em Deus - respondeu a nossa revolucionária.

- Bom, você realmente não quer que eu seja feliz. Deixa isso pra lá, neguinha. Pode deixar, a partir de hoje você tá livre de mim, vou vender paçoca nas barcas Rio-Niterói. Eu não entendo nada dessas coisas e não serei eu que resolverá o seu problema. Vou ser autônomo agora, só eu e São Jorge, mas me diz uma coisa: de vez em quando posso dar umazinha em nome da nossa velha amizade?

Yvonne da Lua também pode ser encontrada aqui.

10.11.08

Eu tenho um sonho


Eu tenho um sonho: um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios.

Eu tenho um sonho: um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos senhores de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho: um dia, até mesmo o estado do Mississipi, sufocado pelo calor da injustiça, será transformado num oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho: um dia, meus quatro filhos viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, e sim pelo seu caráter.

Trechos do discurso de Martin Luther King, em 28 de agosto de 1963

Se existe alguém que ainda duvide que os Estados Unidos sejam o lugar onde todas as coisas são possíveis, que ainda questione a força de nossa democracia, a resposta está aqui esta noite.

Trecho do discurso de Barak Obama, em 4 de novembro de 2008

E anunciamos também o retorno de uma das ciganas da blogosfera (não sabemos por quanto tempo! Então, aproveitem, clicando aqui abaixo!)

2.11.08

O mercado de trabalho me espera (ou eu espero por ele)

Lana Esthevlana
COLUNISTA ANTI-SOCIAL


Sempre achei muito interessante toda e qualquer profissão que mexesse com criação. E tenho um profundo encantamento por páginas na web. Uma página bem feita, bonita, me prende. Uma espécie de hipnose... Não sei explicar.

Eu, por exemplo, de vez em quando arrisco fazer alguma coisa no blog, só pra ele ficar mais aconchegante aos meus olhos, sabe? E agora que vou estudar sobre isso, vou poder fazer profissionalmente!

...Profissionalmente...

Percebeu a palavra? Pro-fis-sio-nal... Opa! Olha o problema.

Bem, o curso tem duração de sete meses. Convenhamos que sete meses é nada. Estou realmente feliz e tal. Vou aprender a fazer algo que gosto e ainda vou ganhar pra isso, quer coisa melhor? Só que tenho pavor de trabalhar. É, eu tenho medo mesmo! MESMO! Provavelmente por eu nunca ter trabalhado na vida.

É tanta responsabilidade! Chefe chato (talvez). Clientes malditos (quase certo). Vontade de morrer. Nossa, me sinto uma babaca. Quando eu era bem mais nova, sempre imaginei que trabalho fosse pra gente que tivesse 25 anos. Daí pensava: “Quando eu fizer 25 anos, vou ter um trabalho estável e estarei completa...”

Que nada! A realidade é cruel. Minha mãe ultimamente tem reclamado do dinheiro que está cada vez mais curto e essas coisas. Diz que não vê a hora d'eu começar a trabalhar e aliviar pro lado dela (tradução: deixar de ser um peso morto...). E só de pensar que daqui a sete meses isso vai se concretizar... Ai... Sobe um frio na espinha!

Não sei de onde vem tanto medo! Às vezes eu acho que é por não estar preparada. Ou pensar não estar preparada. O tempo todo ouço milhares de pessoas falando: “Mercado de trabalho é selvagem. Ou você se dá bem ou morre.”

Lei do mais forte. Aaah! Isso é um emprego ou a teoria da evolução das espécies?


Lana Esthevlana também pode ser encontrada aqui.

27.10.08

Coisas para NÃO fazer antes de morrer

Dave Freeman e Neil Teplica publicaram o livro Cem Coisas para Fazer Antes de Morrer, em 1999. Desde então, muita gente ficou com a sensação de que sempre falta fazer alguma coisa importante.

No entanto, três livros recentes listam o que NÃO fazer antes de morrer: 101 Coisas para Não Fazer Antes de Morrer, do americano Robert Harris, Não Ligo a Mínima, do inglês Richard Wilson, e Cai Fora! 103 Coisas para Não Fazer Antes de Morrer, do também inglês Sam Jordison. "Eu vi as listas do que fazer e tive a sensação de que nunca iria conseguir. Percebi que era ridículo e decidi livrar as pessoas desse tipo de opressão", disse Jordison, que é crítico literário do jornal The Guardian. Então, não se desespere se você NÃO:

Visitar o Taj Mahal — Conhecer o mausoléu transformado em declaração póstuma de amor é item obrigatório dos viajantes aventureiros. Atente-se para o fato de que o monumento é cercado de Índia por todos os lados: o rio cheira mal, o calor é insuportável, mendigos imploram por trocados e, acima de tudo, há turistas demais. Todos, sem exceção, tirando fotos que serão versões pioradas das imagens dos cartões-postais e guias de turismo. "Eu estive no Taj Mahal e acho que acontece o mesmo que com as pirâmides do Egito e com Machu Picchu: já vimos tanto na televisão e em fotos que, ao vivo, não são tão bonitos. Também dizem que é incrível mergulhar nas Maldivas, mas eu nem sei nadar. E aposto que muitas daquelas cenas eu vi em Procurando Nemo", disse Wilson.

Conhecer vinho – Se não tiver jeito para a coisa, faça como todo mundo e escolha o vinho pelo preço. Saiba que a lei da oferta e da procura funciona: os mais caros são os melhores e os menos caros são os não tão bons.

Ler Guerra e Paz – Ou Ulisses, ou a Ilíada. São obras-primas da Literatura, é verdade. Mas ninguém é obrigado a ler suas centenas de páginas se não aproveitar de verdade. Em resumo: não acabe um livro de que você não gosta. Leia outra coisa.

Completar uma maratona – Não basta caminhar na esteira, correr no parque, gastar o calçadão? Para os obcecados por saúde, quem nunca correu 42 quilômetros, como o soldado grego Feidípedes (que morreu depois de completar o trajeto entre Maratona e Atenas), é um sedentário comedor de pipoca na frente da televisão. Se der muita vontade, deite e espere passar.

Praticar o Kama Sutra – Ou fazer sexo na praia. Ou no avião. Sexo é prazer, não competição. "Desde quando contorção corporal é coisa erótica?", pergunta Jordison em seu livro. Sem o peso da obrigatoriedade, quem sabe surjam umas idéias?

Assistir a Boca Juniors e River Plate no La Bombonera, em Buenos Aires – Ou ao Fla-Flu no Maracanã, a Corinthians e Palmeiras no Pacaembu. Quem não torce ficará impressionado por não mais que 15 minutos. E ainda restarão 75 – de péssima comida e banheiros muito, muito sujos.

Pular de pára-quedas – Ou fazer "bungee jumping". Ou, radicalismo dos radicalismos, praticar o "zorbing", assustadora modalidade em que o praticante é colocado em uma bola gigante, muitas vezes cheia de água, que rola morro abaixo. "Nunca tinha ouvido falar nisso até ler as listas do que fazer. Se você é viciado em adrenalina, faz sentido. Eu sofri um acidente de carro e posso dizer que a sensação é a mesma. Taquicardia, frio e tremedeira. É muito desagradável", descreve Jordison.

Ir a uma praia de nudismo – Além de correr o risco de sofrer queimaduras em áreas nunca dantes bronzeadas, você se sentirá inferior diante de corpos mais bonitos ou constrangido por outros nem tanto. E passará o dia sendo examinado por estranhos.

Tocar em um tigre - "Eu sigo três regras: se uma coisa demanda muito tempo, muito dinheiro ou é perigosa demais, eu evito", disse o produtor de televisão inglês Richard Wilson, autor de Não ligo a mínima.

Ficar rico – Se não ficou até agora...

18.10.08

A lua-de-mel de "Sêo" Nô

Regina Lewinsky
CORRESPONDENTE

Nosso jornal ganha a contribuição de mais uma grande blogueira. Trata-se de Regina Lewinsky, ou Rê, para os íntimos hehehe! Desde o início de nossas atividades, somos fãs desta grande autora, que, a partir de agora, é nossa correspondente em Recife, cidade de excelentes blogueiras. Basta consultar nossa lista de links pra se perceber que a capital pernambucana tá muito bem representada na blogosfera. Rê junta-se ao time que já conta com autoras do calibre de Yvonne, Maristela e Lana, que também é pernambucana, mas foi criada e mora no Rio de Janeiro. Apreciem o estilo refinado de nossa nova contratada.

Este “causo” me foi contado por um amigo, advogado lá da minha terra, com quem eu trabalhava à época. Por ser bizarro demais, haverá quem duvide da sua veracidade, mas quem conhece o comportamento do homem do campo, especialmente o nordestino lá das brenhas do interior, haverá de lhe dar crédito.

"Sêo" Nô era um ancião muito rico, dono de hectares e mais hectares de terras, mas uma pessoa muito simples e apegada ao seu torrão natal, de onde não havia ser humano que o fizesse sair.

Seu advogado e amigo pessoal, inconformado com aquele modo de vida tão restrito pra quem tinha tanta grana, às vezes lhe sugeria uma viagem de recreio pra conhecer o mundo, passear, descontrair, sair da mesmice do pequeno lugarejo onde morava, aconselhando: "Sêo Nô, o senhor é um homem rico, vá aproveitar o dinheiro que tem! O senhor tem muitas terras, muito gado, muitas propriedades, mas não conhece o mundo, plantado aqui nesse interiorzinho brabo! Como é que pode? Eu quisera ter a metade da sua riqueza, pra lhe mostrar como se vive! Vá ver a praia, vá almoçar em restaurantes caros. Como é que pode uma pessoa viver assim, podendo aproveitar ao máximo os prazeres da vida?"

Ao que o velhinho respondia: "Gosto não sinhô, dotô! Tenho medo de cidade grande, num seio nem trevessar uma rua cheia de carro! Nem no Recife eu nunca fui, querdita? Vô não! Deixe eu aqui, home! Se aperreie não, que eu gosto mermo é de tá no meu cantin."

Após ganhar a sua última causa judicial em defesa dos interesses do velhinho, o causídico, atarefado demais, passou a rarear as visitas que lhe fazia e passou alguns anos sem notícias dele, até que um dia, participando de um Congresso Jurídico num hotel 5 estrelas da região, aquele advogado, tendo se dirigido à piscina do hotel pra dar um mergulho e tomar sol antes da reunião vespertina, escutou alguém a lhe chamar pelo nome:

- "Dotô Fulano, ô dotô Fulano”!

Localizando de onde vinha aquela voz, qual não foi a sua surpresa ao deparar com ninguém menos que "Sêo" Nô! Ele não quis acreditar nos seus próprios olhos ... Não era possível que estivesse, mesmo, presenciando aquela cena: "Sêo" Nô, numa cidade diferente e, ainda por cima (surpresa das surpresas!) ... tomando banho de piscina!!! Refazendo-se do choque, aproximou-se do seu antigo cliente e fez a pergunta que não podia calar:

- "Sêo" Nô! O senhor por aqui? Que novidade é essa???

- Pois é, dotô ... Eu fiquei viúvo, me casei-me de novo e tô aqui em lua-de-mé!

Ainda atordoado com todas aquelas novidades, mas curioso por saber mais, pergunta o doutor:

- O quê? D. Maria morreu? E o senhor casou com quem?

- Me casei-me com Mocinha, dotô, o senhor sabe quem é ela ... É aquela que trabaiava lá em casa, como empregada da minha patroa ... Tá lembrado?

Diz o doutor:

- Ah! Sim! Eu me lembro de Mocinha ... Mas cadê ela, pr'eu cumprimentar, dar os parabéns?

- Ah, dotô, Mocinha é muito matuta ... Num quis vir não ... Dixe qui tinha veigonha, espie! Aí eu vim foi sozinho mermo ... Pruquê me dixéro qui a pessoa, hoje em dia, quando se casa, tem que viajar de lua-de-mé, né? Aí eu criei corage e vim. O sinhô num vivia dizendo pr'eu viajar? Tô achando é bom, aqui!

Pois é, gente! Vocês podem até pensar que é piada, mas isso aconteceu, mesmo! E tem mais: eu conheci todos os personagens dessa hilária história.

Por hoje, é só.

Rê Lewinsky também pode ser encontrada aqui.

NOTA DA REDAÇÃO: sabemos que estamos atrasados nas visitas aos blogs amigos. Faremos o possível, mas tivemos que aceitar um serviço extra nos últimos dias, pra poder acertar a folha de pagamento do pessoal, senão ia ter greve!

12.10.08

Loucos e santos


Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

5.10.08

Carol Lira volta à blogosfera

Um dos melhores blogs que encontramos neste um ano e meio de Jornal da Lua foi o Menina Lunar. Na época, editado por uma talentosíssima menina que tinha acabado de completar 17 anos. A qualidade do texto era tão boa que gerava dúvidas aqui na redação:

- Não pode ter 17 anos!

Mas tinha! Um fenômeno da natureza! A cada texto, a jovem blogueira do Recife deixava todo mundo pasmo, com sua incrível mistura de prosa e poesia, mostrando um estilo inigualável, rico demais em metáforas e ritmos que certamente arrancariam sorrisos de aprovação de mestres como Neruda, Drummond, Vinícius, Cecília, Bandeira ou Pessoa.

Seu nome: Carol Lira.

Meses atrás, veio a notícia que nenhum de nós queria saber: com o dia todo ocupado por estudo e trabalho, Carol entendeu que era hora de fechar o Menina Lunar. Para manter aquela qualidade, ela precisava de algo que lhe faltava no momento: tempo.

Essa foi a má notícia. Agora, vem a boa: ela voltou! Não mais como Menina Lunar, mas com um blog onde a qualidade dos textos continua de primeira linha, nem precisavam ser assinados. Ali encontramos a primeira e única Carol Lira, com suas mágicas palavras, tecendo seus posts personalíssimos, recheados de cores e sonhos.

A blogueira agora tem 18 anos. Mudou tudo e sua página tem outro nome: Letra Vermelha.

Eu disse "mudou tudo"? Desculpem, engano meu. A beleza de sua prosa poética não muda, é imune à ação do tempo. Tempo que, agora, esperamos que seja mais generoso com ela. E conosco, não nos privando de suas encantadas palavras! Letra Vermelha é leitura obrigatória. Daquelas obrigações que cumprimos com o maior prazer do mundo.