lobo e lua

lobo e lua

28.5.10

Presidente defende álcool na ONU

Gudesteu Hostalácio
ENVIADO ESPECIAL

O presidente Luiz Polvo da Silva esteve ontem na tribuna da ONU, tentando curar a ressaca da cerimônia da noite passada, quando resolveu experimentar vários tipos de bebidas estrangeiras e provar que nenhuma delas é superior à tradicional caipirinha brasileira.

- A gente não devemos nos iludir - afirmou o presidente - sobre o que vai substituir o petróleo nos nossos carros no futuro próximo que se avizinha. Já foi provado e disprovado qui (hic!) o álcool da cana brasileira é o melhor álcool pra todos os momentos, todos os carros, todos os trens e (hic!) todas as festas do mundo! Por falar em festa, todo mundo aqui já tá convidado pra baita festa que nóis vâmu fazê lá no Rio de Janeiro em (hic!) 2014. Todo mundo vai ver qui a cana de nosso país é a maior cana que tem. Não falo nem (hic!) no tal do açúcar que tamém tiram da cana, pois açúcar é coisa de criança e faz mal prus dentes, como (hic!) ocêis todos aqui sabem. Falo mesmo é do álcool, qui é o que nos interessa aqui, num é mesmo?

Acompanhado pela ex-ministra Magda Suplício e pelo ex-ministro da Fome e Desenvolvimento Social, Paliativus Onanias, o presidente pediu um copo de água gelada:

- Magda, venha dizer umas palavras aqui, enquanto eu tomo uma água, que a ressaca tá braba!

A ex-ministra tirou um espelhinho da bolsa Armani, colocou um brilho nos lábios e olhou pro microfone:

- Aiiiiiiiiiii, de onde veio esse microfone? Quero um pra mim! É tão assim...másculo, vocês não acham? Bem, éééééééé...olha, se eu fosse vocês, não pensava duas vezes: o presidente tá certo, gente! Caipirinha boa é a nossa! É só colocar 51, gelo e limão! Tem gente que gosta de açúcar no meio, mas eu não! Aí, você bebe, relaxa e goza, não é, presidente Polvo?

O presidente voltou à tribuna:

- Agradeço as palavra sempre muito inteligente e oportuna de Magda Suplício. O que ela diz é verdade: se ocêis misturá a 51 com gelo e limão, num pricisa de açúcar ninhum! Tem gente qui gosta, mas eu e a Magda dispensamu!

O representante da Alemanha, Helmutt Hans Fritz Salsichon, pediu um aparte:

- I o que o senhôra pensa do cerveja? O senhôra acha que o cerveja também pode ser uma boa combustível no futura?

- Sem dúvida nenhuma. Sou um grande (hic!) apreciador, mas creio que a cerveja, assim como o chope, ainda depende de muitos anos de istudo e pesquisa pra gente pudê dizê: pronto, tá aprovado pra ser biocombustível. Sugiro, no entanto, que o sinhô e seus amigo da Alemanha continue (hic!) fazendo teste com a cerveja, pra ver se os carro guenta tomá mais chope do que nóis tomamo na festa de onti, tá certo? Bom, minha gente, vamu dexá de cunversa fiada e vamu logo ao qui interessa pra nóis: de noite, tão todo mundo convidado pra tomá uma (hic!) lá na nossa embaixada, certo? A parti de 6 hora, ocêis podi chegá qui nóis já vamu tá lá, tomanu umas i otras. Vô mandá reservá caderas especial pru pessual da Alemanha, Iscócia, Chile, Purtugal e França!

O representante dos Estados Unidos perguntou porque os países citados teriam tratamento diferente. Antes de se retirar da tribuna, o presidente Polvo respondeu:

- E onde é que fáiz u milhó uísque, a milhó (hic!) cerveja, o milhó vinho? Mais, pensando bem, ocê tamém pode ir, qui eu ti arrumo uma cadera legal. Só num isquece de (hic!) levá pelo menu umas trêis garrafa de Jack Dâniel, tá certo?

17.5.10

Depois da Copa, tem eleição

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Os números são de 2006, da última eleição. Aumentaram de lá pra cá, principalmente na coluna da direita. Mas os privilégios (da coluna à direita) continuam os mesmos.

7.5.10

Aquela carta que você me escreveu

Real Morte
BLOGUEIRO CONVIDADO


Minha opinião sobre a humanidade não é das melhores. Sempre digo que se a Terra fosse um imenso corpo humano eu seria o Activia que aceleraria a saída de vocês. Deduzam o resto.

A raça humana é patética, frágil, iludida, insignificante, pusilânime, babaca, sem noção, e só digo isso porque estou de bom humor hoje. Se eu desse a real, ninguém aguentaria o tranco e cortaria os pulsos agora mesmo, o que nunca considero uma má idéia, desde que vocês não façam isso na hora da novela. Porém, para suportar tamanha falta de importância e sentido na vida, a humanidade desenvolveu um mecanismo de defesa que funciona até certo ponto: a vaidade.

A mais humana das qualidades, e justamente por isso uma das piores, a vaidade é capaz de torná-los mais sensíveis, mais divertidos, mais ridículos, e eu estaria cagando para ela caso não afetasse meu trabalho ocasionalmente. Sim, porque somente a vaidade explica a preocupação exagerada de alguns de vocês em escrever frases de efeito em cartas ou bilhetes de suicídio, algo que me irrita MUITO. Porque neguinho passa a vida inteira escrevendo no Orkut coisas do tipo “Genti, çaí cuns miguxos onti e foi di-maizzz!!!!” e na hora que vai empacotar vem querer dar uma de que sabe escrever bonito? Não fode! Pegue um post-it e rascunhe um “fui!” pra ninguém perceber seu português meia-boca e estamos combinados.

Quando o cara começa a demorar demais na carta de despedida, eu chego até a me intrometer antes do momento devido. Foi o caso de um famoso presidente brasileiro.

— Chega, Getúlio, já estamos há cinco horas nisso. Largue essa carta.
— Não antes de eu escrever minha última grande frase.
— Não precisa, tá bom assim.
— Não dá. Eu não vou me matar antes de escrever uma frase final perfeita.
— Haja saco. Onde foi que você parou?
— Nessa frase aqui ó: “Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço minha morte.”
— Beleza. Tá lindão.
— Tá mesmo?
— Tá. Não escreve mais nada que estraga.
— Jura?
— Juro. Me arrepiei. Agora pegue esse revólver e se mate.
— Não sei, não estou satisfeito ainda. Que tal se eu fechasse a carta com “serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade”?
— Melhor ainda!
— Acha mesmo?
— Acho. Agora SE MATE!
— Não, ainda não. Ainda tenho a impressão de que não é a frase ideal…
— Mas que merda de frase você quer escrever?
— Uma que valha a pena. Meu medo é abandonar a vida e ninguém se lembrar, não ficar na História.
— Então escreva isso.
— O quê?
— Que você sai da vida para entrar na História.
— Será? Mas não soa um pouco piegas?
— Soa como brega mesmo. Mas morto todo mundo perdoa. Pode escrever.
— “Saio da vida para entrar na História.” Taí, gostei.
— Ótimo.
— Eu gostei muito.
— Que bom.
— Sério, eu adorei, gostei demais.
— Perfeito.
— Ficou tão bom que me fez repensar o meu ato, me deu até ânimo de continuar vivendo. Acho que não vou me matar mais.
— AH, NÃO, MAS NEM FUDENDO!

Eu peguei o revólver e… bem, o resto vocês já sabem. Até hoje muita gente não entende porque Getúlio Vargas deu um tiro no peito e não na cabeça, mas eu nem me preocupei com esse detalhe na hora. Eu precisava botar isso pra fora. Ufa!

Real Morte pode ser encontrado aqui. Se você tiver coragem de ir lá, é claro.