lobo e lua

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27.12.09

A Filosofia como remédio

Dr. Mijaro Nomuro
DESEMPREGADO

Comprei um livro sensacional, "A Filosofia como remédio para o desemprego", de Jean-Louis Cianni, Editora BestSeller, baratinho, 18 pratas, até um desempregado pode comprar.

O autor tinha um baita emprego numa firma francesa, mas foi demitido. Pra família pensar que arrumou outro emprego, acorda todos os dias às 6, toma café e às 7 já tá no escritório de sua casa, com o computador ligado, para despistar, mas, na verdade, fica lendo e redescobre os livros de Filosofia de sua juventude, associando os antigos ensinamentos à sua precária situação atual.

Eu passei a fazer coisa semelhante, de uns meses pra cá. Minha mulher passa, me vê no computador e pensa que eu tô trabalhando.

Uma vez por dia, digo que vou atender um cliente. Vou é pra padaria, que tem várias mesas e lá faço um lanche demorado, enquanto assisto à sessão da tarde.

Depois volto e levo meu cão Nick pra passear pela cidade, ao anoitecer.

Meu psiquiatra me perguntou se eu queria que ele aumentasse a dose do remédio, mas eu disse que não. Só fico deprimido quando penso nas minhas sempre adiadas férias na Itália, ou na Praia de Copacabana, mas essa sensação só se acentua às segundas. No resto da semana, sigo a programação normal, sem grandes transtornos.

Gostaria, sim, de conhecer a Itália, desde que vi meu primeiro filme com Claudia Cardinale. Deve ser uma beleza ver de perto aqueles monumentos, o Coliseu, a Fontana di Trevi, Veneza e seus canais, Florença e seus museus, Sophia Loren e Maria Grazia Cuccinotta.

Como sempre fui pão-duro, posso me dar ao luxo de viver uns tempos sem salário, mas visitar a Itália agora me parece uma insanidade.

A única coisa que cortei das despesas foi a renovação da assinatura de uma revista. Não vou cortar a TV a cabo, ainda mais agora que "Combate", minha série favorita na infância, voltou ao ar pelo TCM, com um episódio no sábado e outro no domingo. Não perco nenhum e ainda gravo tudo.

Fui tentar minha aposentadoria, mas a dona que me atendeu lá no INSS, enquanto espirrava laquê no cabelo, doida pra ir embora, foi logo avisando que eu ia receber uma merreca por mês, "culpa do Fernando Henrique":

- Quem se aposentou até 1998 tá numa boa, colega! Depois disso, sifu! Um mendigo de porta de botequim fatura mais que um aposentado. Quer um conselho? Vai lavar pratos, fazer alguma coisa até os 65 anos, ou então roube um banco.

Trouxe essa dúvida pra casa. O estranho é que, à noite, passou "Como roubar um milhão de dólares" na TV a cabo.

O que foi mais um motivo pra não cortar minha assinatura. Anotei umas dicas. Agora só falta saber o que vai dar no meu teste vocacional. Vou começar tudo de novo, já que não existe emprego na minha área, então vou tentar ver se sei fazer outra coisa. A mulher que me atendeu, olhando pra minha cara de quarentão ("que retardado!"), disse que deve conseguir marcar pros próximos 20 dias.

Eu espero. Não tenho nada pra fazer mesmo.

Bom, vou continuar lendo o livro. Que recomendo!

Dr. Mijaro Nomuro trabalhava com o dr. Fugiro Nakombi. Mas os dois foram demitidos.

12.12.09

Padre recebe homenagem de comunidade

Apulcro Mambojambo
ENVIADO ESPECIAL


O padre Manoel Pereira de Assis foi agraciado com um jantar em homenagem aos seus 35 anos de trabalho ininterrupto à frente da paróquia de São Bartolomeu do Reino de Deus.

Um renomado político, estimado membro da sociedade local, foi convidado para entregar um presente e fazer um breve discurso de agradecimento.

O político se atrasou e o sacerdote, então, decidiu proferir umas palavras:

“A primeira impressão que tive desta paróquia não foi boa. Pensei que o bispo tinha me enviado a um lugar terrível, pois a primeira pessoa que se confessou comigo me disse que tinha roubado um aparelho de TV, que tinha roubado dinheiro dos seus pais, também tinha roubado a firma onde trabalhava, além de ter aventuras amorosas com a esposa do chefe e se dedicar ao tráfico de drogas.

“Fiquei assustadíssimo… Mas, com o passar do tempo, entretanto, fui conhecendo mais gente que em nada se parecia com aquele homem… Inclusive vivi a realidade de uma paróquia cheia de gente responsável, com valores, comprometida com sua fé e, desta maneira, tenho vivido os anos mais maravilhosos do meu sacerdócio”.

Justo neste momento chegou o político, a quem foi passada a palavra para entregar o presente da comunidade.

Pediu desculpas pelo atraso e começou o discurso dizendo:

“Nunca vou esquecer o dia em que o padre chegou à nossa paróquia… Como poderia? Tive a honra de ser o primeiro a me confessar com ele…”