lobo e lua

lobo e lua

29.11.08

Diferenças entre presídio e trabalho

Gudesteu Hostalácio
ENVIADO ESPECIAL AO PRESÍDIO
&
Apulcro Mambojambo
ENVIADO ESPECIAL AO TRABALHO


PRESÍDIO
Você passa a maior parte do tempo numa cela 5x6m.

TRABALHO
Você passa a maior parte do tempo numa sala 3x4m.
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PRESÍDIO
Você recebe três refeições por dia, de graça.

TRABALHO
Você só tem uma, no horário de almoço, e tem que pagar por ela.
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PRESÍDIO
Você é liberado por bom comportamento.

TRABALHO
Você ganha mais trabalho com bom comportamento.
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PRESÍDIO
Um guarda abre e fecha todas as portas para você.

TRABALHO
Você mesmo deve abrir as portas, se não for barrado pela segurança por ter esquecido o crachá.
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PRESÍDIO
Você assiste TV e joga baralho, bola, dama...

TRABALHO
Você é demitido se assistir TV, acessar internet e jogar qualquer coisa.
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PRESÍDIO
Você pode receber a visita de amigos e parentes.

TRABALHO
Você não tem nem tempo de lembrar deles.
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PRESÍDIO
Todas as despesas são pagas pelos contribuintes, sem seu esforço.

TRABALHO
Você tem que pagar todas as suas despesas e ainda paga impostos e taxas deduzidas de seu salário, que servem para cobrir despesas dos presos.
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PRESÍDIO
Algumas vezes, aparecem carcereiros sádicos.

TRABALHO
Carcereiros usam nomes específicos: gerente, diretor, chefe...
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PRESÍDIO
Você tem todo o tempo para ler piadinhas.

TRABALHO
Ah, se te pegarem...
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TEMPO DE PENA
No presídio, com bom comportamento, a pena pode ser reduzida a menos da metade.

No trabalho, você tem que cumprir 35 anos, e não adianta ter bom comportamento.

22.11.08

A funcionária


Yvonne da Lua
CORRESPONDENTE

- Olha, meu chapa, o negócio é o seguinte: não vou poder trabalhar no sábado à noite porque estarei menstruada - disse Rosilene ao seu cafetão.

- O quê?!? Que mané menstruada é esse? Donde já se viu puta recusar cliente? - respondeu Geraldão.

- É isso mesmo que você ouviu: m-e-n-s-t-r-u-a-d-a. E tem mais, a próxima vez que você me encher a cara de porrada eu tomarei providências. Irei primeiramente na Delegacia das Mulheres e darei entrada em um processo. Além de você responder criminalmente pelos seus atos, eu darei entrada em uma licença no Ministério do Trabalho, você terá que arcar com as minhas despesas e eu ficarei em casa descansando.

- Como é que é? - perguntou Geraldão, perplexo. Você nem carteira de trabalho tem.

- Não tenho do verbo quero ter e é agora. Já tô com ela na mão pra você assinar tudo direitinho. E tem mais: se me perturbar muito, vou processar você pelos 6 anos que trabalhei sem os meus direitos. Ah! E se quiser me comer, vai ter que pagar que nem os outros clientes, porque também processo você por assédio sexual. Já assinou a carteira? Anda logo, porque tenho que ir ao banco abrir uma conta-salário.

- Conta-salário? Que merda é essa?

- Se você não sabe, eu vou explicar direitinho: conta-salário é onde você depositará os meus proventos. Quero ganhar um fixo de R$ 500,00 e mais comissão de 50% sobre cada cliente. As minhas férias serão em dezembro e mensalmente quero receber um auxílio-doença para poder fazer exames ginecológicos. O exame da AIDS é gratuito, você não gastará nada, mas, por outro lado, quero receber também uma verba-insalubridade para os dias de muito frio e chuva - disse Rosilene, cheia de dignidade.

- Mas eu nem sei o que é proventos e insalu o quê. Como é que eu vou poder fazer isso tudo se nem eu mesmo tenho carteira ou, nesse caso, uma firma - respondeu Geraldão, já perdendo a paciência.

- Como você vai fazer eu não sei, mas quero os meus direitos e é agora. Chega de exploração. Acho bom você resolver esse assunto agora porque eu sou capaz de fazer uma verdadeira revolução. Eu e as demais meninas faremos greve e piquetes. Vai ser tão bom, finalmente eu vou poder participar de passeatas, gritando palavras de ordem: "Piranhas unidas, jamais serão vencidas", "Não fique aí parada, você é explorada" - respondeu Rosilene, com um certo ar de CUT -. Já conversei com a companheira Heloisa Helena e ela ficou de vir à inauguração do SPGPEA. O Fernando Gabeira, nosso anjo protetor, também virá para dar uma força.

- Mas o que é isso? - perguntou Geraldão, já sem ar.

- Sindicato das Putas, Garotas de Programa e Afins - respondeu Rosilene, cheia de moral.

- Quem é afins? - quis saber Geraldão.

- Ah! o "afins" abrange muita gente: ex-BBBs, modelos que engravidam de jogadores de futebol e pagodeiros, ex-namoradas de ex-BBBs, ou seja, as putas que deram certo na vida. As famosas que saem nas revistas. Com a contribuição delas, nosso sindicato será muito forte, tenho fé em Deus - respondeu a nossa revolucionária.

- Bom, você realmente não quer que eu seja feliz. Deixa isso pra lá, neguinha. Pode deixar, a partir de hoje você tá livre de mim, vou vender paçoca nas barcas Rio-Niterói. Eu não entendo nada dessas coisas e não serei eu que resolverá o seu problema. Vou ser autônomo agora, só eu e São Jorge, mas me diz uma coisa: de vez em quando posso dar umazinha em nome da nossa velha amizade?

Yvonne da Lua também pode ser encontrada aqui.

10.11.08

Eu tenho um sonho


Eu tenho um sonho: um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios.

Eu tenho um sonho: um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos senhores de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho: um dia, até mesmo o estado do Mississipi, sufocado pelo calor da injustiça, será transformado num oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho: um dia, meus quatro filhos viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele, e sim pelo seu caráter.

Trechos do discurso de Martin Luther King, em 28 de agosto de 1963

Se existe alguém que ainda duvide que os Estados Unidos sejam o lugar onde todas as coisas são possíveis, que ainda questione a força de nossa democracia, a resposta está aqui esta noite.

Trecho do discurso de Barak Obama, em 4 de novembro de 2008

E anunciamos também o retorno de uma das ciganas da blogosfera (não sabemos por quanto tempo! Então, aproveitem, clicando aqui abaixo!)

2.11.08

O mercado de trabalho me espera (ou eu espero por ele)

Lana Esthevlana
COLUNISTA ANTI-SOCIAL


Sempre achei muito interessante toda e qualquer profissão que mexesse com criação. E tenho um profundo encantamento por páginas na web. Uma página bem feita, bonita, me prende. Uma espécie de hipnose... Não sei explicar.

Eu, por exemplo, de vez em quando arrisco fazer alguma coisa no blog, só pra ele ficar mais aconchegante aos meus olhos, sabe? E agora que vou estudar sobre isso, vou poder fazer profissionalmente!

...Profissionalmente...

Percebeu a palavra? Pro-fis-sio-nal... Opa! Olha o problema.

Bem, o curso tem duração de sete meses. Convenhamos que sete meses é nada. Estou realmente feliz e tal. Vou aprender a fazer algo que gosto e ainda vou ganhar pra isso, quer coisa melhor? Só que tenho pavor de trabalhar. É, eu tenho medo mesmo! MESMO! Provavelmente por eu nunca ter trabalhado na vida.

É tanta responsabilidade! Chefe chato (talvez). Clientes malditos (quase certo). Vontade de morrer. Nossa, me sinto uma babaca. Quando eu era bem mais nova, sempre imaginei que trabalho fosse pra gente que tivesse 25 anos. Daí pensava: “Quando eu fizer 25 anos, vou ter um trabalho estável e estarei completa...”

Que nada! A realidade é cruel. Minha mãe ultimamente tem reclamado do dinheiro que está cada vez mais curto e essas coisas. Diz que não vê a hora d'eu começar a trabalhar e aliviar pro lado dela (tradução: deixar de ser um peso morto...). E só de pensar que daqui a sete meses isso vai se concretizar... Ai... Sobe um frio na espinha!

Não sei de onde vem tanto medo! Às vezes eu acho que é por não estar preparada. Ou pensar não estar preparada. O tempo todo ouço milhares de pessoas falando: “Mercado de trabalho é selvagem. Ou você se dá bem ou morre.”

Lei do mais forte. Aaah! Isso é um emprego ou a teoria da evolução das espécies?


Lana Esthevlana também pode ser encontrada aqui.