lobo e lua

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21.2.09

Carnaval? Tô fora!

Lana Esthevlana
COLUNISTA ANTI-SOCIAL


Carnaval é uma festa de contradições. Pelo menos pra mim.

Até traz um pouco de felicidade sair de noite e se divertir como se aquele fosse seu último dia na face da Terra. Mas, no fundo, o que eu mais desejo é que essa festa abarrotada de gente suada e semi-nua termine logo.

Particularmente, prefiro o Carnaval à moda antiga. Fantasias e marchinhas é diversão na certa, sem dúvida.

Nada de pessoas te apertando, se esfregando em você, pisando no seu pé, te queimando com cigarro e te passando cantadas bregas com bafão de cerveja.

Hoje, Carnaval parece um tipo de eufemismo para "sexo sem compromisso". Não que todas as pessoas que curtem o Carnaval pensem dessa maneira, mas é difícil não ter este tipo de avaliação.

Principalmente quando se está na rua e o que mais passa pela sua frente são meninas de micro-saias, tirinhas denominadas de blusa e sandálias, em que o salto mais parece um bloco de concreto.

E, em contrapartida, vê-se caras com enormes cordões de "ouro", boné pra trás, bermudas multicoloridas de marca falsificada (e tênis também), blusas no estilo "mamãe-sou-forte" ou então sem blusa, que é pra mostrar o corpitcho sarado ou o protótipo de barriguinha de chopp. No melhor estilo Bad Boy.

E o único papo que se ouve é "gostosa, hein?", ou então "te achei muito linda, gata. Vamu ficá?".

No fim das contas, o Carnaval de hoje, ao meu ver, se resume a calor, música de qualidade duvidosa e a obrigação de se sentir feliz. E sarado.

A inigualável Lana Esthevlana também pode ser encontrada aqui.

16.2.09

Um conto de Carnaval


Regina Lewinsky
CORRESPONDENTE

- Vai, vai, vai ...Caminha, ômi! Deixa de ser frouxo e num vai pensando que eu vou ficá cum pena de tu não, que eu num vô, visse?

- Betinha, eu vou voltar, Betinha!.. Juro por Deus que eu num tô aguentando esse sol quente na minha cabeça ... Ai, ai, ai, ai!

- Apoi eu quero vê tu voltá ... Volta, pa tu vê, volta! Tu volta um carai, que tu vorta! Quando eu disse a tu que num bebesse onti porque eu queria vim pro Galo da Madrugada e a gente tinha que se acordá cedo, o que foi que tu fizesse? Ficasse foi mangando de mim, num foi? Apoi, intão, agora aguenta a ressaca debaixo do sol e do frevo! Num quero nem sabê!

- Ôxe! E tu queria o quê, mulé? Como era que eu podia não beber, se ontem foi o dia da saída do Bloco “CARANGUEJO SAI”, que é lá da comunidade do mangue aonde nós mora? Logo eu, que sou o presidente do bloco, num ia sair não, é?

- E precisava tu encher o c... de cana? Tomasse uma ou duas cervejinha, tava bom demais ... Mas não! Tinha que chegar c’as aprecata procurando caminho, feito um balai de bosta! E além do mais, eu preveni: num enche a cara não, porque, com tu ou sem tu, eu vou pro Galo de todo jeito!

- Eu sei, mas agora eu não tô em condições de acompanhar o Galo, de jeito nenhum, porra! Tô aqui todo me tremendo, com dor de barriga, dor nas pernas, zonzo e a minha cabeça parece que vai explodir... Eu não vou não! Quero ver quem vai me obrigar!

- Ah, não vai não? Então fica aí, ou volta pra casa a pé, porque o teu dinheiro tá aqui comigo e eu não vou te dar ele de jeito e maneira, que é pra tu não ir se misturar com aquele bando de quenga que tava lá na barraca do fim da rua quando a gente passou. Pensa que eu não vi não, é? Eu tô ficando é veia, não é besta, não!

- Que quenga, o quê, mulé! Aquilo é as menina lá do meu trabalho, vixe! Essa mulé é muito desbocada ... Nem conhece as menina e já tá xingando elas! Betinha, sem brincadeira: Eu não tô conseguindo nem me pôr em pé ... Vê como eu tô suando, feito tampa de chaleira! Vamo pra casa e mais tarde, quando eu ficar bom, a gente sai no Homem da Meia Noite!

- O QUÊÊÊÊÊ??? Desde que a gente se conhece, tu já visse eu passá um Carnaval sem acompanhá o GALO DA MADRUGADA? Nem quando eu tava buxuda eu deixei de vir, agora eu vou deixá só porque tu enchesse a cara? É ruim, hem?

- Sabe de uma coisa? Eu tô vendo que, nessa conversinha, a gente já tá quase atravessando a ponte, o Galo já entrou na Rua da Concórdia e daqui a pouco a multidão arrasta a gente de um jeito, que eu não vou conseguir mais sair. Eu não dou mais um passo. Pronto!

- Ah, é? Então, meu nêgo, plante-se aí, que nem uma estáuta, porque eu vou cair na folia e não sei a hora ou o dia que chego... Ah! E tem mais: se prepare pra levar gaia, porque eu não sou mulher de pular sozinha!

E lá se foi Betinha, juntar-se à irreverente turba, entoando, em alto e bom tom, o chamado irresistível a qualquer pernambucano, às primeiras horas do Sábado de Zé Pereira, pelas ruas do centro do Recife:

“EI, PESSOAL, EI, MOÇADA!
CARNAVAL COMEÇA
NO GALO DA MADRUGADA!!!"

Regina Lewinsky também pode ser encontrada aqui.

8.2.09

Povo brasileiro reage contra a "devassidão" da Amazônia


Pelo menos é o que demonstram alguns que participaram do ENEM 2008. Vejamos:

"O problema da amazônia tem uma percussão mundial. Várias Ongs já se estalaram na floresta."
(E levaram o disco da Xuxa, onde ela canta "Brincar de Índio")

"A amazônia é explorada de forma piedosa."

"Vamos nos unir juntos de mãos dadas para salvar o planeta."

"A floresta tá ali paradinha no lugar dela e vem o homem e créu."

"Tem que destruir os destruidores por que o destruimento salva a floresta."
(Pra deixar bem claro o tamanho da destruição)

"O grande excesso de desmatamento exagerado é a causa da devastação."

"Espero que o desmatamento seja instinto."

"A floresta está cheia de animais já extintos. Tem que parar de desmatar para que os animais que estão extintos possam se reproduzirem e aumentarem seu número respirando um ar mais limpo."
(Os animais extintos também merecem uma cerveja para comemorar quando o ar estiver limpo)

"A emoção de poluentes atmosféricos aquece a floresta."

"Tem empresas que contribui para a realização de árvores renováveis."
(Todo mundo na vida tem que ter um filho, escrever um livro e realizar uma árvore renovável)

"Animais ficam sem comida e sem dormida por causa das queimadas."
(E também sem o Home Theater e os DVDs da coleção dos Trapalhões)

"Precisamos de oxigênio para nossa vida eterna."
(Amém!)

"Os desmatadores cortam árvores naturais da natureza."
(E as renováveis?)

"A principal vítima do desmatamento é a vida ecológica."
(Deve ser culpa da morte ecológica)

"Explorar sem atingir árvores sedentárias."
(Peguem só as que estiverem fazendo caminhadas e flexões!)

"A fiscalisação tem que ser preservativa."
(Os fabricantes de Jontex, por exemplo, deviam ajudar!)

"Não podem explorar a Amazônia de maneira tão devassaladora."
(Ou seja: devastadora + avassaladora)

"O que vamos deixar para nossos antecedentes?"
(O que vocês sugerem?)

1.2.09

Doutor Bruegel atende


Maldito dr. Bruegel: eu gostei tanto, tanto, quando me contaram que lhe encontraram chorando e bebendo na mesa de um bar. E que quando os amigos do peito por mim perguntaram, um soluço cortou sua voz, não lhe deixou falar. Ah, mas eu gostei tanto, tanto, quando me contaram, que tive mesmo que fazer esforço pra ninguém notar! O remorso talvez seja a causa do seu desespero. Você deve estar bem consciente do que praticou. Me fazer passar essa vergonha com um companheiro! E a vergonha é a herança maior que meu pai me deixou. Mas enquanto houver força em meu peito, eu não quero mais nada, só vingança, vingança, vingança aos santos clamar. Você há de rolar como as pedras que rolam na estrada, sem ter nunca um cantinho de seu pra poder descansar!
(Andréa Parafuseta - Paris, Texas)

Prezada Andréa Parafuseta: rasgue as minhas cartas e não me procure mais! Assim será melhor, meu bem! O retrato que eu te dei, se ainda tens, não sei, mas, se tiver, devolva-me! Deixe-me sozinho, porque assim eu viverei em paz! Quero que sejas bem feliz junto do seu novo rapaz. Rasgue as minhas cartas e não me procure mais! Assim vai ser melhor, meu bem! O retrato que eu te dei, se ainda tens, não sei, mas, se tiver, devolva-me!
Devolva-me!
Devolva-me!