27.4.07
EXCLUSIVO! Operação Hilda Furacão
Repórter do Jornal da Lua chega perto do rei do bicho!
Nossa Dani dá show na Baixada Fluminense!
Bicheiro revela que gosta mesmo é do veado!
Todos tentam, mas só o Jornal da Lua chega junto. Nosso segredo? Colocar em ação duas das mais charmosas repórteres da imprensa nacional, Dani e Deb. Nenhum meliante, faminto por grana e mulheres lindas e maravilhosas, resiste e acaba soltando a língua.
Para desvendar os bastidores da Operação Hilda Furacão, deflagrada pela Polícia Federal, Dani e Deb receberam a missão de entrevistar um dos mais famosos contraventores do Brasil, ligado desde criança ao Jogo do Bicho ("é um negócio de família", contou). Depois de orientadas e com as pautas nas mãos, Deb alegou que não poderia ir, pois tinha hora marcada na cabeleireira. Como respeitamos os direitos de nossos funcionários, Dani teve que ir sozinha. Vejam, a seguir, o depoimento de nossa linda e incorruptível repórter.
"Com parcos caraminguás, cedidos pelo editor, viajei até a Cidade Maravilhosa, Rio de Janeiro. Só na passagem do busão já foi gasto todo o minguado recurso monetário. Mas, como aprendiz, necessito de experiência para o meu currículo, já que vislumbro ser editora chefe do Le figaro ou Le Monde.
Chegando ao Rio de Janeiro, desci do fatídico meio de transporte ao qual me subjugaram e fui procurar a casa de meu entrevistado. Descendo uma das vielas, me deparei com o sorriso aberto de um pagodeiro do local. Como sou descolada, não perdi a chance, cheguei e lancei aquele cumprimento voraz: 'Fala aí, gente boa!'
Também sorri e mostrei meu crachá, de repórter free-lancer do Jornal da Lua.
Ele viu que eu não era do pedaço, mas me cumprimentou: 'Gente boa, seja bem-vinda à nossa comunidade!'
Levou-me para um bar e, sem perder tempo, disse: 'O que traz você aqui, Daniela?' Aí eu não gostei, e fui avisando: 'Daniele, meu chapa, Danieleeeeeeeeeeeeee!' Não gosto quando trocam meu nome e me chamam de Daniela, tão sabendo? Mas, aí eu falei pro pagodeiro que tava ali pra levar um lero beleza com o chefão do bicho, que agora também anda envolvido com esse negócio de bingo, que, pra mim, não passa de um jogo do bicho sofisticado, mas minha tia Aurora adora.
O pagodeiro ficou meio assim, mas topou me dar uma colher de chá: 'Deixa aí o número do hotel onde tu tá hospedada que, se eu conseguir alguma coisa, te ligo'. Eu pensei: 'É agora, pois nem estou hospedada em lugar algum'. Meu editor disse que, se precisasse ficar mais que um dia, eu que me virasse. Então, me virei pro pagodeiro e disse: 'Aí, mai broda, vou ser sincera contigo. Vim direto do aeroporto (não ia dizer que fui de ônibus, seria humilhação demais!), ainda não me hospedei em lugar algum.'
Ele percebeu que era hora de mostrar seu celular ultra hiper moderno, meteu a mão no bolso, deu um toque e disse: 'Coloca aí o patrão na linha'. 30 minutos depois, quando a bateria já devia estar indo pro brejo, o pagodeiro disse: "Patrão, tô com uma mina beleza aqui querendo levá um lero cum sinhô. Posso levá? Ah, é beleza, sim, eu garanto. Falô, patrão, já tamo indo.'
O cara do pagode me levou até a sua blindada BMW Z4 coupé, ano 2007. Meio desnorteada diante daquela máquina, entrei e fomos cantando um samba-enredo por 40 minutos, até que chegamos numa mansão magnífica, onde cerca de 30 guarda-costas foram logo me avisando que fotos eram proibidas, mas me levaram pra dentro. Quatro horas depois, enquanto eu ficava de olho numa mesa cheia de canapés com salmão, caviar, lagostas e drinks variados, chegou aquela figura imensa, apertou minha mão, sentou numa poltrona que tem as suas iniciais em ouro, acendeu seu charuto e perguntou: 'O que deseja, Daniele?'
- Bem, gostaria de saber desses rumores sobre suas novas atividades, ligadas ao bingo.
- Ah, isso é um negócio que eu tô fazendo aí com uns amigos meus, que só têm um defeito: adoram paletó e gravata, coisa que eu nunca usei. Faz calor demais nessa terra, você não acha?
- Acho. Mas, como é esse negócio? Huuuummm, posso comer alguma coisa ali?
- Fique à vontade.
Peguei duas lagostas e comi com duas mordidas só. Tomei meia garrafa de uísque JB, pra ajudar a descer, e continuei:
- Gostosas, hein?
- Por falar em gostosa, tu já desfilou numa Escola de Samba?
- Quem? Eu? Não, nunca!
- Intão, passa aqui lá pra setembro, quando vamos começar os ensaios. Vou te colocar como rainha da bateria, num biquininho beleza, dourado, cheio de franjinhas, tu vai adorar.
- Nooooossaaaaaaa! Rainha da bateria? Quanta honra!
- Pois é. Tu vai aparecer na Caras e nessas revistas de fofocas. Já imaginou?
- Tô imaginando! Puxa, preciso ligar pra minha tia Aurora!
Foi muita emoção, mas eu precisava cumprir minha pauta, falar com ele sobre a Operação Hilda Furacão.
- Por que o senhor foi à Polícia? Dizem por aí que o senhor está envolvido com criminosos do colarinho branco.
- Não, fui lá pra reclamar do barulho que o cachorro de um vizinho faz aqui de madrugada. É o maior saco, minha mulher não dorme e fica andando pelo quarto.
- Sei. Mas, e os novos negócios?
- São os tempos modernos, não é? O povo passou muitos anos tentando ficar rico apostando em bichos no papel. Agora, a onda é tentar acertar aqueles numerozinhos, usam computador pra tudo, até pra jogar baralho, não é? Temos que nos adaptar às inovações da tecnologia. Pra mim, é só aparência. Sou das antigas. Gosto mesmo é de fazer uma fezinha no veado.
- O senhor também joga?
- Claro! Como é que você acha que eu fiquei rico? Apostando no veado, é claro!
- O senhor só aposta no veado?
- Só no veado! O veado sempre me deu sorte! Desde a primeira vez que apostei, com cinco anos, gostei do veado. Meu pai me mostrava um livro de animais e eu achava o veado o bicho mais bonito, com aqueles chifrões parecendo galhos de árvore, sabe cumé? Como ganhei de cara e achava o veado bonito, sempre apostei no veado. Ganhei não sei quantas vezes, sempre apostando no veado.
- E as pessoas daqui sabem que o senhor aposta no veado?
- Sabem. Eu mesmo recomendo que apostem no veado. Mas, cada um tem a sua superstição, não é? Um diz que sonhou com borboleta, outro com zebra, sei lá, e vão seguindo seus sonhos. Eu sou sempre fiel ao veado, desde piquinininho! Nunca abandonei o veado!
- Nooooossaaaaa! Também vou passar a apostar no veado.
- Faça isso. Sem o veado, eu não seria nada. Agora mesmo, vou fazer uma fezinha. Quer ir lá e apostar no veado tamém?
- Bom, agora eu tô meio desprevenida. Mas, vou voltar e apostar no veado.
- Intão, tu volta em setembro?
- Volto. O senhor me fala mais sobre a Operação Hilda Furacão?
- Tá, tá legal. Quando setembro vier. Que é meu filme favorito. Tu viu?
- Não, não me lembro. Mas, e a Polícia Federal? O senhor não tem medo?
- Medo? Eu só tenho medo de dentista! Bom, agora eu tenho que ir. Volta em setembro, falô? Tu vai sê rainha da bateria, menina! Pensa só! Capa da Caras!!"
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6 comentários:
Meu Querido Bill,
Tu é sensacional, meu editor dileto. (Eu estou chorando de rir)rsssssssssssssssssss
Eu estava temerosa quanto a você não trazer à tona a realidade dos fatos, mas vejo que o fez enfáticamente. Inclusive no que tange aos alimentos por mim ingeridos :
"Peguei duas lagostas e comi com duas mordidas só. Tomei meia garrafa de uísque JB, pra ajudar a descer, e continuei:
- Gostosas, hein?
- Por falar em gostosa, tu já desfilou numa Escola de Samba?
- Quem? Eu? Não, nunca!"
Meia garrafa de uísque JB.. RSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS...
Você é sensacional.. sensacional!!!
Eu irei lhe mandar um e-mail hoje, para pedir a sua anuência.
Beijos meu querido, único e maravilhoso, editor, amigo!
Salva o Bill aí gente! :o)
Eu também vou apostar no veado. Preciso de uma grana, urgentemente!
Beijo procê!
Muito interessante, divertido e intelingente este blog!
Abraços
Deve ser mesmo uma boa apostar no veado. O que não dá é o que fizeram no ano passado. Apostaram no burro, o bicho deu na cabeça e agora a gente que aguenta.
Cadinho RoCo
Vou agora mesmo fazer uma fezinha!!
Beijos
Parece que não nos resta mesmo muita coisa a fazer. Ou a gente rouba, ganha uma herança (duas coisas muito difíceis de acontecer)ou ganha no bicho. Trabalhando honestamente, a gente só ganha uma mixaria de uma aposentadoria vagabunda, Deus que nos ajude...
Grande beijo!
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