Ainda sobre o post anterior ("Homens e ratos"): se você não sabe a diferença entre comentar (fazer algum acréscimo ao post, apoiar ou discordar - desde que seja de forma civilizada!) e agredir (agir como um rato de esgoto!), seu lugar não é na blogosfera! Aliás, você, como não sabe ler, não devia perder seu estúpido tempo vasculhando blogs. Volte para o seu habitat natural: os esgotos de sua cidade!
Agora, quanto ao post de hoje, trata-se de uma entrevista realmente polêmica, publicada no site A BARATA, editado pelo nosso amigo Luiz Carlos Cichetto, que gentilmente autorizou sua publicação no Jornal da Lua. A matéria é de Vladimir Cunha.Sabe aquela história de que a Terra é um lugar bacana, só que mal freqüentado? Pois é, para algumas pessoas, isso é mais do que uma piada velha.
Segundo Les U Knight - fundador, líder e mentor teórico da ONG Voluntary Human Extinction Movement (Movimento pela Extinção Humana Voluntária, em português) - nosso planeta está à beira do fim e a única maneira de salvá-lo é extinguindo a raça humana. De acordo com ele, depois de poluir o ar, envenenar rios, abrir buracos na camada de ozônio, condenar populações inteiras à fome e à pobreza, o mínimo que a humanidade poderia fazer era ter a decência de abandonar o barco e deixar este pedaço de rocha flutuante para a sua verdadeira dona: a Mãe Natureza. É o radicalismo ecológico levado às últimas conseqüências.
- Você acha realmente que a vida animal e os vegetais são tão importantes ao ponto de justificar a extinção da raça humana?- Num ecossistema equilibrado, todas as espécies são importantes e nenhuma é melhor que a outra. De uma forma geral, quanto mais alta a posição que uma espécie ocupa na cadeia alimentar, menos importante ela é para aquele sistema. O homem já não faz mais parte da cadeia alimentar. Por outro lado, as bactérias presentes nos intestinos dos seres vivos são importantíssimas para a sobrevivência de toda a biosfera terrestre. Se levarmos isso em conta, chegaremos à conclusão que o homem vale menos do que uma bactéria.
- Então, a raça humana não tem valor algum?- Nós só temos valor para as pessoas com quem nos relacionamos. Mas, para a natureza e o ecossistema, nós não fazemos a menor falta.
- Nem se levarmos em conta o legado cultural e intelectual da humanidade?- Talvez as traças achem nossos livros um tanto quanto deliciosos, mas eu creio que elas não vão saber diferenciar o Pablo Neruda das Seleções do Reader's Digest. Pegue a maior criação literária já feita pelo homem e compare com qualquer forma de vida, mesmo a mais insignificante, e me diga: qual delas possui mais beleza, complexidade e potencial?
- Quantas pessoas fazem parte do seu movimento?- Seis bilhões e 50 milhões, eu creio. Na verdade, eu falo isso porque é impossível dizer quantas pessoas já devem ter chegado àa conclusão de que o mundo seria melhor sem a raça humana. Mas, baseado na quantidade de pessoas que entram em contato comigo, posso dizer que temos por volta de três milhões de pessoas engajadas em nosso movimento. São pessoas que, embora não sejam membros de nossa organização e não tenham uma militância, apóiam nossas idéias e gostariam de ver nossos objetivos alcançados.
- E como vocês fazem para divulgar as idéias do movimento? Vocês têm algum tipo de publicação ou é tudo feito através da internet? - Nós não funcionamos como uma organização normal. Não recebemos doações, não fazemos reuniões com os nossos membros e nem temos interesse nisso. Na verdade, toda a divulgação das nossas idéias é feita apenas em nosso site na internet (
www.vhemt.org/pindex.htm). Nossos textos estão à disposição de quem quiser imprimí-los e distribuí-los por aí.
- Qual a situação do Movimento hoje em dia? Ele tem crescido?- Sim, um bocado. Principalmente nos Estados Unidos, que é o país onde somos mais atuantes.
- A oposição ao movimento de vocês é muito grande ao ponto de chegar a reações mais extremas, como a violência contra membros da organização, por exemplo?- Não. Existem aqueles que não concordam com a gente, mas não aconteceu até agora de sermos alvo de atos violentos. Não consideramos nossos opositores como inimigos. Os verdadeiros inimigos da humanidade são a ganância e o ódio, e estes podem ser combatidos com generosidade e amor ao próximo.
- A Extinção Voluntária existe em outros países?- Sim, nós temos nossos textos traduzidos para o italiano e estamos providenciando versões para os nossos sites em alemão, holandês, português, chinês e francês. Ainda assim é difícil dizer com precisão todos os lugares onde nós estamos, pois a Extinção Voluntária é uma idéia que se espalha pelo mundo como um vírus de computador.
- Algumas pessoas tendem a achar que o seu movimento é contra as crianças e não contra a presença humana na terra. O que você acha disso?- Isso é um mal-entendido. Ser contra as crianças é manter uma sociedade onde 40 mil delas morrem todos os dias vítimas de doenças facilmente curáveis. Além do mais, que tipo de mundo espera nossas crianças? O futuro não é mais o que costumava ser. Condenar alguém a viver neste mundo é como vender passagens para um navio que está afundando.
- O que você acha de organizações como a Igreja da Eutanásia e gente como Peti Linkola, que defendem que a humanidade deve ser extinta a qualquer custo, mesmo que, para isso, sejam necessários meios violentos?- São abordagens diferentes para o mesmo assunto que ajudam a chamar a atenção das pessoas para a nossa causa.
- Mas será que a violência é a melhor solução para os nossos problemas ecológicos?- Não existe violência maior do que as agressões que o homem faz à natureza. Destruir o ecossistema, matar animais apenas por esporte e prazer, criar seres vivos em cativeiro em condições de absoluta crueldade, promover a extinção de espécies inteiras... Isso sim é que é violência. Quanto à questão da militância que apela para o extremismo, não creio que ela resolva muita coisa. Brigar e bater nas pessoas não é a melhor maneira de fazê-las pensar diferente.
- Será que não existe outra solução, além da extinção da raça humana? Nós temos vários exemplos de organizações, como o Greenpeace, que lutam por um mundo ecologicamente equilibrado. Não seria essa uma saída? - Todos os esforços são válidos. Não basta apenas parar de procriar para salvar o planeta. Se nós não cuidarmos do planeta enquanto estamos aqui, não vai sobrar muita coisa quando a raça humana estiver extinta de uma vez por todas. Sendo assim, nosso esforço terá sido em vão. No entanto, se não houver um trabalho de conscientização com relação à necessidade de diminuir gradativamente a população do planeta, todos esses esforços não irão adiantar de nada.
- Se um dia a raça humana deixar de existir, o que realmente vai acontecer?- Quando nós desaparecermos, as plantas e os animais se encarregarão de restaurar o equilíbrio do ecossistema. Nossas cidades irão sumir aos poucos, até se tornarem apenas traços de uma civilização que um dia habitou este planeta. Nosso lixo tóxico continuará a envenenar a Terra por mais algumas dezenas de milhares de anos, mas, pelo menos, nós não estaremos aqui para poluir o planeta ainda mais. Creio que serão precisos milhões de anos para que a biosfera se recupere dos estragos feitos por esta raça de macacos em apenas 50 mil anos de existência. Para entender melhor, basta você imaginar o processo de retorno à natureza que as cidades Maias e Astecas estão sofrendo.
- Segundo alguns físicos, existe a possibilidade de que um dia o nosso sol aumente de tamanho até destruir nosso planeta e o próprio universo está condenado a morrer em um futuro remoto. Além disso, os dinossauros foram extintos e nós ainda tivemos as Eras Glaciais. Você não acha que a própria natureza tem seus métodos de manter o equilíbrio das coisas? - Com toda certeza. O problema é que, devido ao seu poder tecnológico, o homem conseguiu evitar a morte natural que todas as espécies experimentam após um certo tempo de existência. Mas isso só vai contribuir para que a nossa extinção seja ainda mais dolorosa quando chegar nossa hora. Nós podemos evitar isso. Ou, pelo menos, evitar sentenciar alguém à vida apenas para que esta pessoa tenha que morrer depois. Algumas pessoas pensam que não temos que nos preocupar e que a natureza se encarregará de restaurar o equilíbrio do ecossistema. Isso é como achar que um carro não precisa de freios só porque ele vai deixar de andar quando der de encontro a um muro. Nós temos o freio e temos inteligência suficiente para usá-lo. Sendo assim, por que não fazer isso?A extinção humana é a melhor saída para a humanidade. A partir do momento que pararmos de procriar, as brigas por territórios e recursos naturais irão cessar. Poderemos, inclusive, experimentar um período de saúde, felicidade e abundância de recursos a partir do momento em que formos desaparecendo da face da Terra. É a sociedade utópica com a qual temos sonhado desde que o homem passou a dominar este planeta.
Fonte: A Barata (
http://www.abarata.com.br/)